Era um dia normal e entediante, estava sentando em
frente ao meu laptop tomando uma xícara de café quente, o dia estava frio e
vivia mais um momento de reflexão sobre a minha vida. Escutei o alerta de
notificação de conversa no facebook, era mais uma daquelas pessoas que adiciono
por adicionar, no começo nem queria responder estava daquelas conversas, deixei
lá, mas aquela janelinha insistia em ficar azul, sem paciência a abrir para ver
o que tanto queria aquela pessoa que malmente eu conhecia. Começou com aquela
típica conversa do "oi, tudo bem?” demorei pra ceder e interagir, mas ela
insistia em ganhar minha atenção. Quando comecei a interagir mais ela teve que
sair, precisava acordar cedo, depois disso não conversei com mais ninguém, deitei
na cama e fiquei pensando naquela conversa e o porquê do interesse daquela
pessoa comigo.
No outro dia entrei cedo no facebook e lá estava
online a pessoa, imediatamente ela veio falar comigo e mais uma vez ficamos
horas conversando, sua conversa me envolvia de um jeito que parecia que nos
conhecíamos há tempos. E foi passando dias, semanas e nossas conversas viraram
uma rotina gostosa, aquilo já fazia parte da minha vida, eu deixava de sair
para poder ficar ali com a pessoa horas conversando coisas desnecessárias, mas
que tinham uma importância tamanha para mim.
Até que um dia querendo aumentar o prazer que esta
pessoa me proporcionava resolvi convidá-la para sair, no começo encontrei um
pouco de resistência, mas insisti (dessa vez os papeis se trocaram) e ela
acabou aceitando. Era um sábado, o relógio marcava um pouco mais das 4 da tarde
quando cheguei até a praça que marcamos de nos encontrar, não tinha ninguém,
apenas alguns mendigos e havia também uma banca de revistas aberta que vendia
mais cigarros do que qualquer outra coisa. Olhava pro relógio, as horas
pareciam voar e nem sinal daquela que tanto me fez bem durante alguns meses,
então tentei ligar, seu celular dava na caixa de mensagens, eu comecei a ficar
impaciente, minhas mãos suavam frio e eu já estava quase quebrando o banco onde
estava sentado de tanto soca-lo. Olhei o relógio se passava duas horas do
horário marcado e meu nervosismo aumentava e a insegurança aparecia, resolvi ir
à banca de revistas, comprei um maço de cigarros e guardei no bolso, ainda
tinha esperança dela chegar, não queria que passar impressão de fumante, não
queria que o primeiro cheiro que ela sentisse de mim fosse de cigarro. Voltei
para o banco, a praça começava a encher de crianças e velhos, mas nada da
pessoa. Resolvi então acender um cigarro (tenho algumas paranoias em que se eu
estiver fazendo algo errado algo bom pode acontecer), mas esse algo bom não
aconteceu, as horas se passavam e a cada olhada no relógio era uma tragada.
Minha paciência se esgotou e fui embora, com o
pensamento de chegar em casa entrar no facebook e perguntar para a pessoa
porque ela não apareceu. Cheguei a casa, liguei o laptop, entrei no facebook,
mas ela não estava lá , não existia perfil, procurei no histórico e não existia
conversa, de inicio entrei em desespero, será que alguém veio aqui e excluiu
tudo? Então saí procurando e nenhum sinal de que aquela pessoa existia, como se
tudo fosse algo criado por minha cabeça, uma obra da minha solidão. Levantei
lentamente e peguei no bolso da calça o maço de cigarros, tinha apenas um,
então acendi o meu único companheiro real do dia.
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