terça-feira, 28 de maio de 2013

O Último Cigarro


Era um dia normal e entediante, estava sentando em frente ao meu laptop tomando uma xícara de café quente, o dia estava frio e vivia mais um momento de reflexão sobre a minha vida. Escutei o alerta de notificação de conversa no facebook, era mais uma daquelas pessoas que adiciono por adicionar, no começo nem queria responder estava daquelas conversas, deixei lá, mas aquela janelinha insistia em ficar azul, sem paciência a abrir para ver o que tanto queria aquela pessoa que malmente eu conhecia. Começou com aquela típica conversa do "oi, tudo bem?” demorei pra ceder e interagir, mas ela insistia em ganhar minha atenção. Quando comecei a interagir mais ela teve que sair, precisava acordar cedo, depois disso não conversei com mais ninguém, deitei na cama e fiquei pensando naquela conversa e o porquê do interesse daquela pessoa comigo.
No outro dia entrei cedo no facebook e lá estava online a pessoa, imediatamente ela veio falar comigo e mais uma vez ficamos horas conversando, sua conversa me envolvia de um jeito que parecia que nos conhecíamos há tempos. E foi passando dias, semanas e nossas conversas viraram uma rotina gostosa, aquilo já fazia parte da minha vida, eu deixava de sair para poder ficar ali com a pessoa horas conversando coisas desnecessárias, mas que tinham uma importância tamanha para mim.
Até que um dia querendo aumentar o prazer que esta pessoa me proporcionava resolvi convidá-la para sair, no começo encontrei um pouco de resistência, mas insisti (dessa vez os papeis se trocaram) e ela acabou aceitando. Era um sábado, o relógio marcava um pouco mais das 4 da tarde quando cheguei até a praça que marcamos de nos encontrar, não tinha ninguém, apenas alguns mendigos e havia também uma banca de revistas aberta que vendia mais cigarros do que qualquer outra coisa. Olhava pro relógio, as horas pareciam voar e nem sinal daquela que tanto me fez bem durante alguns meses, então tentei ligar, seu celular dava na caixa de mensagens, eu comecei a ficar impaciente, minhas mãos suavam frio e eu já estava quase quebrando o banco onde estava sentado de tanto soca-lo. Olhei o relógio se passava duas horas do horário marcado e meu nervosismo aumentava e a insegurança aparecia, resolvi ir à banca de revistas, comprei um maço de cigarros e guardei no bolso, ainda tinha esperança dela chegar, não queria que passar impressão de fumante, não queria que o primeiro cheiro que ela sentisse de mim fosse de cigarro. Voltei para o banco, a praça começava a encher de crianças e velhos, mas nada da pessoa. Resolvi então acender um cigarro (tenho algumas paranoias em que se eu estiver fazendo algo errado algo bom pode acontecer), mas esse algo bom não aconteceu, as horas se passavam e a cada olhada no relógio era uma tragada.

Minha paciência se esgotou e fui embora, com o pensamento de chegar em casa entrar no facebook e perguntar para a pessoa porque ela não apareceu. Cheguei a casa, liguei o laptop, entrei no facebook, mas ela não estava lá , não existia perfil, procurei no histórico e não existia conversa, de inicio entrei em desespero, será que alguém veio aqui e excluiu tudo? Então saí procurando e nenhum sinal de que aquela pessoa existia, como se tudo fosse algo criado por minha cabeça, uma obra da minha solidão. Levantei lentamente e peguei no bolso da calça o maço de cigarros, tinha apenas um, então acendi o meu único companheiro real do dia. 

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